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>>> Do corredor que dá acesso a meu quarto, escutei uns passos. Parei para ouvir melhor. Silêncio. Poderia ser apenas uma impressão estranha se eu não tivesse certeza que, em seguida, ouvia o barulho das chaves na mesa de centro omo sempre fazia.
“Lins, você está aí?”
Silêncio descontínuo entre vento e ventania. Meu celular voltava a disparar. Era a minha mãe. Nem esperou eu ligar.
“Lins, você está aí?”
Silêncio descontínuo entre vento e ventania. Meu celular voltava a disparar. Era a minha mãe. Nem esperou eu ligar.
Oi minha mãe, a bênção!... Feliz dia das mães!... Estou muito feliz por você ser a minha linda mãe e eu, teu único garoto. Só não gosto da ideia de você está aí e eu aqui só. [...] Obrigado, eu te amo. [...] Estou sim, tento me alimentar bem na medida do impossível. [...] Ah, gostou? Queria te enviar algo melhor, algo diferente; espero que goste de verdade. [...] E as flores chegaram conservadas? [...] Não há porque agradecer, é um mimo apenas. [...] Sim, eu sei. Tento ligar, mas ele não me atende, diz que o número não existe. [...] Não posso desistir, minha mãe. Eu o amo, sempre amei, sinto falta dele, você sabe disso. [...] É... mas... por muito tempo queria que ele me amasse como eu o amo. [...] Não vou chorar. Eu sei. Não agüento mais esperar, mãe. Fico ansioso pra encontrá-lo. [...] A culpa é sua também que me manteve longe dele. Desculpa, minha mãe! [...] Sei que queria me proteger, mas eu sei me proteger, eu tenho 29 anos agora, esqueceu? Sei o que é certo pra mim. [...] Tudo bem, vou esperar. [...] Mãe, ele parece comigo? É, às vezes, sou confundido na rua. Será que ele tem outro? [...] Não conheço. Ok, tudo bem. Tenho que desligar. Curta seu dia! Ano que vem quem sabe nós três juntos? Impassível para você? Para mim não... te amo. Beijo. Outro.
Levei o celular ao centro da mesinha no meio da sala. Notei que ali mesmo estava um cartão de visitas com um número de celular. Quem o deixou? “Escritório de Advocacia Lins”? Liguei imediatamente. Estava nervoso. Nunca soube que era advogado.
Alô... com quem falo? [...] Gostaria de falar com o Senhor Lins, por favor. [...] Não, não é engano. É... Rafael Lins. Está escrito aqui no cartão “Escritório de Advocacia Lins” com este número. [...] Como é seu nome? [...] Como? [...] Petro? Vo... você disse Petro? [...] Mas não pode ser, Petro sou eu... [...] Ah, perdão: Pedro... Pedro Lins, é isso? Estranho... Desculpa então.
Agora era muito para mim. Não conseguia pensar. Lágrimas de raiva, de medo... um misto de dor e falta de coerência em minha vida. Tento retornar a ligação para minha mãe, mas ela não atende, celular na caixa. Queria explicação, queria entender. Eu... Lins... outro Lins? Uma brincadeira de mau gosto? É muito para mim.
Petro
ResponderExcluirHoje você se superou! Quando eu pensava que isso seria impossível[pela qualidade de tudo que tenho visto aqui]...
Já fiquei com o coração oas pulos quando li o título: "A terceira margem de mim" [um lindo poema!]
E as peças do dominó prestes a cair, em cadeia, a qualquer momento...[Sou de prestar muita atenção : cada detalhe me emociona!]
Você é demais!
Parabéns, meu querido amigo!
Um grande abraço
Meu Deus! Me empolguei e não falei do texto, carro-chefe: maravilhoso, !!!
ResponderExcluirOutro abraço
Suas palavras brincam lindamente nesse jogo de revela esconde...Mas agora sei que Petro tem afinal...29...Mas não sei se confundiu-se ao dizer que anos depois nascia Petro para narrar a história (ou estória ?) de Lins...pelo que me parecia Lins faria trinta...e Petro nascerá anos depois...?Agora quem é Rafael Lins? O autor? Tenho a leve impressão que me perdi, que esqueci de algum detalhe...desse intrincado jogo...Será que é apenas um devaneio e na verdade nada existe, além de palavras bem talhadas e escritas?
ResponderExcluirPq aparece uma peça fora desse jogo? Essas peças prestes a caírem...enquanto uma observa e descansa tranquilamente ao lado...Será que essa peça de dominó, é o autor que a tudo observa, e olha as outras peças que estão prestes à cair?Será que essas peças representam seus seguidores, que tentam quase que inultimente desvendar essa confusa história? Será que o que essas peças representam a verdade do autor que está prestes à cair?
Será que um dia ele abrirá as cortinas...?
?????
Petro...
ResponderExcluirvocê escreve muito bem...
parabéns...dá vontade de ler mais e mais...
e desvendar...segredos...
Estou lendo a biografia do Gentileza...vou postar lá no blog depois...mas pra você...eu já adianto...
"Universo Gentileza" de Leonardo Guelman...
estou adorando...repleto de informações...
beijos...gentis
Leca
Lindo texto.. é ficcional? Não que isto importa pra beleza dele, mas importa pra tua vida. Um abraço
ResponderExcluirNossa.. muito bom mesmo!
ResponderExcluirSeu texto envolve e nos faz ficar ansiosos e com medo ao mesmo tempo. Você sabe brincar perfeitamente com o esconde-esconde e o suspense de situações tão simples.. é o terror que existe dentro de nós em situações dessas, mas que ninguém conhece, só quem sente.. hehe
Abraço!
realidade ou ficção, Lins? rs*
ResponderExcluirsabe que tenho um conto que rola uma confusão desse tipo... o final é louquérrimo, rs*
beijos e bom fim de semana,
obrigada pela visita
MM.
Oiee, eu gostei muito do seu blog,Parabéns!
ResponderExcluirGostaria de convida-lo a conhecer o meu.
Beijos
Quando vi o título logo pensei n"A Terceira Margem do Rio" do Guimarães Rosa...
ResponderExcluirPensando no texto dele, entendi o seu, mais ou menos...
abraço
sim, visitei vc
ResponderExcluirmas eu metido??
pq????
Sem querer ser chato...mas vamos atualizar isto aqui?! rs Bj
ResponderExcluirOla
ResponderExcluirParabéns pelo blog!
Abcs
Alexandre Taleb
Consultor de Imagem/Personal Stylist
Blog: http://ataleb.wordpress.com/
Beautifully written. What a brilliant piece.
ResponderExcluir~hugs~