pelos 30!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Iguais nas multidões...



 
>>> É sempre assim... não me dou conta de pensar com a mínima razão possível. E se as coisas saem da órbita, já deliro. Não tive pai presente por toda a vida para me ensinar a agir como homem; também não sei agir como mulheres. E se minha mãe tentou me passar um pouco de segurança, errou quando me excedeu de cuidados. Coitada! Achou que criar um filho é dividir-se ao meio e dobrar-se para ser o pai e a mãe.

Liguei para ela quando entendi que havia um cara com meu sobrenome, com um nome similar ao meu, com uma identidade suspeita. (Sim, suspeita, já que para mim tudo passava a ser alvo de suspeita, até eu.). Bem, como não me atendeu, desisti.

Retornei a ligação para aquele número. Conversei com o Pedro e as dúvidas só aumentaram. Em nada adiantou já que tanto para mim quanto para ele, tudo parecia uma brincadeira, um trote... eu até queria que fosse, eu disse, mas não é. Desliguei...

Há coisas que não se resolvem à distância. Eu não sabia de nada, sempre fui enganado. Por quem? Eu queria saber... Estava muito perturbado assim que descobri. Aliás, assim que não descobri minha identidade, minha origem. Não sei ainda o que é pior: aceitar que os outros nos coloquem em caixinhas ou descobrir que não há uma sequer caixinha para entrar.

Depois de muito pensar recostado à porta do banheiro, olhando no espelho, deitei-me na cama gelada e apaguei. Geralmente, não costumo dormir com facilidade depois de um problema. No entanto, acho que o próprio desgaste emocional, o susto, sei lá, me fizeram adormecer até tarde do dia seguinte.

Acordei com o toque do celular. Uma mensagem: Oi,cara, queria conversar novamente. Não sei o que está acontecendo. Estou confuso. Me retorne assim que puder. Pedro.

Retornei... claro! Havia sido grosseiro ao desligar subitamente na noite anterior. Eu sentia um misto de medo e vontade, de raiva e alegria, uma angústia ao certo. Queria que 250 km fossem percorridos em 2 minutos.

“Oi, onde você está? Ok, chego aí em dois minutos.”

Odeio escadas rolantes com excesso de pessoas, elas parecem paradas. Sempre gostei de multidão para olhar, nunca para me sentir mais um perdido no meio dela. E agora eram muitas as multidões, gente de todas as cores e os flashes de sol seco entre espelhos e relógios gigantescos nos braços de mulheres reluzindo para mim. Mãos entre os olhos. No meio da avenida, me vi um alvo... era tudo o que eu conseguia ser naquele instante, menos alguém que se conhecesse de verdade. Eu não me conhecia. Queria saber, queria me ver menos ofegante... menos apressado, mas a pressa me levaria à perfeição.

Adiantei os passos e ainda cheguei a chocar contra algumas pessoas. Mas, uma batalha já havia vencido: a multidão se transformara em apenas alguns transeuntes perdidos como eu na Praça da Liberdade. Ironia!
Passos leves agora... ploc, ploc, ploc... ploc.

“Oi”, eu falei, depois de mais de um minuto parados sem entendermos tamanha contemplação. “Estranho”, ele disse enquanto nos mantínhamos abraçados.

Chorei, mas evitei que visse. Deve ter visto, impossível! Afastei-me um pouco e tive a sensação de que eu havia me abraçado como quem tenta cumprir o gesto consigo mesmo diante do espelho.

“Quem é você? Por que é tão igual a mim? Como pode ser tão parecido a mim?”

“Não sei... há anos venho tentando descobrir... há anos tento entender o sentido das coisas, a coerência da vida. E agora olho pra você e acho que começo a me ver por outro ângulo, não mais por dentro. Você nunca se perguntou quem você é?”

“Não, nunca precisei, Petro. Mas agora continuo mais confuso. Temos os mesmos 28, o mesmo sobrenome, prenomes similares, a mesma cara...e agora as mesmas dúvidas. Somos gêmeos?”

“Não sei! Desconfio do óbvio. Bem, não vejo outra saída senão agora procuramos por Rafael Lins. Ele deve nos explicar.”

“Como assim Rafael Lins? Quem é Rafael Lins para você?”

“Rafael Lins é alguém por quem venho procurando faz algum tempo, acho que ele é meu pai. Foi ele quem deixou o seu número em meu apartamento antes de ir embora, há pouco mais de um ano.”

“Não, não pode ser! Rafael Lins te conhece? Onde ele está? Se for o mesmo Rafael em quem estou pensando, ele é... ele é um amigo de infância... e... faz tempo que não o vejo, nem sei por onde anda. Temos a mesma idade também. Ele não pode ser seu pai, tem a nossa idade, cara!”

O céu volta contra mim, esconde-se por trás das nuvens escuras e eu mergulho numa imensidão de dúvidas outra vez. Apenas uma certeza: a vida fica menos coerente quando tentamos desvendar os seus segredos. Eu não desisto...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A terceira margem de mim



>>> Do corredor que dá acesso a meu quarto, escutei uns passos.  Parei para ouvir melhor. Silêncio. Poderia ser apenas uma impressão estranha se eu não tivesse certeza que, em seguida, ouvia o barulho das chaves na mesa de centro omo sempre fazia.

“Lins, você está aí?”
Silêncio descontínuo entre vento e ventania. Meu celular voltava a disparar. Era a minha mãe. Nem esperou eu ligar.

Oi minha mãe, a bênção!... Feliz dia das mães!... Estou muito feliz por você ser a minha linda mãe e eu, teu único garoto. Só não gosto da ideia de você está aí e eu aqui só. [...] Obrigado, eu te amo. [...] Estou sim, tento me alimentar bem na medida do impossível. [...] Ah, gostou? Queria te enviar algo melhor, algo diferente; espero que goste de verdade. [...] E as flores chegaram conservadas? [...] Não há porque agradecer, é um mimo apenas. [...] Sim, eu sei. Tento ligar, mas ele não me atende, diz que o número não existe. [...] Não posso desistir, minha mãe. Eu o amo, sempre amei, sinto falta dele, você sabe disso. [...] É... mas... por muito tempo queria que ele me amasse como eu o amo. [...] Não vou chorar. Eu sei. Não agüento mais esperar, mãe. Fico ansioso pra encontrá-lo. [...] A culpa é sua também que me manteve longe dele. Desculpa, minha mãe! [...] Sei que queria me proteger, mas eu sei me proteger, eu tenho 29 anos agora, esqueceu? Sei o que é certo pra mim. [...] Tudo bem, vou esperar. [...] Mãe, ele parece comigo? É, às vezes, sou confundido na rua. Será que ele tem outro? [...] Não conheço. Ok, tudo bem. Tenho que desligar. Curta seu dia! Ano que vem quem sabe nós três juntos? Impassível para você? Para mim não... te amo. Beijo. Outro.

Levei o celular ao centro da mesinha no meio da sala. Notei que ali mesmo estava um cartão de visitas com um número de celular. Quem o deixou? “Escritório de Advocacia Lins”? Liguei imediatamente. Estava nervoso. Nunca soube que era advogado.

Alô... com quem falo? [...] Gostaria de falar com o Senhor Lins, por favor. [...]  Não, não é engano. É... Rafael Lins. Está escrito aqui no  cartão “Escritório de Advocacia Lins” com este número. [...] Como é seu nome? [...]  Como? [...] Petro? Vo... você disse Petro? [...]  Mas não pode ser, Petro sou eu... [...] Ah, perdão: Pedro... Pedro Lins, é isso? Estranho... Desculpa então.

Agora era muito para mim. Não conseguia pensar. Lágrimas de raiva, de medo... um misto de dor e falta de coerência em minha vida. Tento retornar a ligação para minha mãe, mas ela não atende, celular na caixa. Queria explicação, queria entender. Eu... Lins... outro Lins? Uma brincadeira de mau gosto? É muito para mim.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Eu, Turíbio




Eu,
Turíbio

Ao meu menino Petro
(que está por vir ao mundo)

Veste-se à lâmina que te fere ao frio
Ama-te em cama alheia onde te fez gozar
Esposa-se a vida insana desse mundo hostil
Vingo-me pelo irmão que a hora o fez sangrar!

Lins, 10 de julho de 1990.

 
>>> Fazia tempo que eu não lia nada de Guimarães Rosa. Peguei Sagarana em meio a uma literatura empoeirada na estante. Li alguns dos seus contos. No final de A hora e a vez de Augusto Matraga, um curioso papel de seda dobrado e envelhecido com uns escritos a lápis em forma de pirâmide . Por que estava ali? O que sentia quando o fez?

Inquietei-me. Reli-o novamente, e constatei que não era lá dotado de grandes originalidades rítmicas; poema de versos pobres e conteúdo reproduzido. Ah, pouco importava seus traços estéticos naquela hora. O que mais me deixava pensativo era as marcas semiológicas inscritas, como se soubesse que um dia alguém haveria de se inquietar com um texto aparentemente tão bobo.

Três marcas fincadas no poema então me faziam questionar: por que a dedicatória era para mim? Por que eu estaria por vir se eu já existia naquela data? Quem era Lins?  Não seria possível um garoto de 10 anos ter lido Guimarães Rosa com tamanha capacidade de reproduzir o teor do conto em poema. Agora passei a desconfiar da identidade de Lins. Eu, justo eu que pensava que o conhecia de perto.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Viver, verbo intrasitivo (direto)...


 
 (Foto: pedroaxl)

>>> Quando a gente quer mudar as coisas, basta olhar para o espelho e arriscar.  Não é um argumento de autoajuda, mas de vontade, mesmo que esta vontade seja movida pelo simples impulso. Foi essa atitude que tive ontem assim que o Lins saiu. Faz tempo que não penso mais em mim, e pensar muito nos outros é uma forma de esquecermo-nos de nós por quase sempre.

Eu preciso aprender a ser só, eu preciso ser mais independente. Acho que já ouvi isso de minha mãe na adolescência.  Não falo de uma independência financeira, de resolver minhas coisas, de sobreviver às lutas diárias. Não é isso. Preciso desenvolver independência interpessoal. E vou tentar, prometi ontem para mim enquanto mirava o espelho.

Tive alguns relacionamentos, namoros esporádicos... até paixões a flor da pele já vivi. Não, corrijo-me: prefiro dizer no singular. Paixão... viver paixão de verdade, só uma vez. Daquelas que a gente se pega - quando o sentimento passa - como a pessoa mais idiota do mundo, e sente-se envergonhado por ter dito que a amava depois do segundo beijo. É uma fase que prefiro não comentar, não viver... tentar me livrar. Amar é um verbo intransitivo, o poeta me lembra sempre.

Mas, voltando: hoje pus em prática o meu projeto de ontem enquanto deitado olhava para o teto. Acordei mais cedo e fiz meu próprio café da manhã. Não que nos outros dias não o fizesse; porém, o de hoje tinha mais sabor, as frutas eram mais coloridas, mais doces, o leite menos amargo. Não sei ao certo explicar. Banhei-me como quem se banha para casar e não sabe a hora certa do banho seguinte. Antes havia feito a barba, cortei-me no queixo... droga! Sangue tingindo a espuma. O vermelho no branco escorria entre os dedos. Por um instante, vi um pouco de poesia saindo de meu rosto azulado.

Cabelos semi-secos, e óculos de graus. Onde estão? Voltei ao espelho, sem mais gota de sangue. Senti-me mais jovem, só vinte e poucos! Pensei em por um pouco de que ele esqueceu, na hora do abraço, em cima da mesa do computador. Melhor não, eu disse! Melhor não depender do cheiro alheio mais uma vez. Poderia usar outros perfumes meus, mas saí com apenas o aroma do banho, o que não é ruim.

Escutei música no carro, bem alta... às vezes, baixinho para acompanhar cantando! Nunca fui fã de Michael Jackson. Quando eu era criança, ele me assustava com suas performances malditas, mas passei a ouvir algumas de suas músicas depois de sua morte e notei o quanto eram boas. Então, de uma seleção, escolhi This is it, a mais nova, e fui cantando, cantando. Fazia tempo que não cantava em inglês  - agora mais enferrujado.

Almocei no shopping após sair do trabalho. Comida japonesa me daria sono à tarde, eu sei. Não resisti. Voltei de lá depois de ver um filme sem sal a gosto. Dormi na metade com as pernas sobre a poltrona da frente sem pesar a consciência.

Parado no semáforo, tive a oportunidade de ver o pôr do sol mais vivo olhando para mim como se fosse só meu e daquela criança, que, no fim do malabarismo, me estende à mão... o semáforo arrisca se abrir. Estendo-lhe dez reais para compensar o espetáculo entre os tacos de madeira em frente ao sol e as luzes da cidade. Buzinas me irritam, mas hoje nem as ouvi, nem pirracei.

De volta para casa, uma mensagem no celular: “A viagem foi boa... neste momento respiro o vento que vem do mar em frente ao Farol da Barra. O sol já se foi há alguns minutos, pedi-lhe que iluminasse o seu fim de tarde. Lins”. Respondi: “hoje meu dia foi bem melhor sem você aqui porque o tempo não existiu para mim.” Droga! A bateria do celular descarregou. Não pude enviar.

domingo, 2 de maio de 2010

O cheiro do abraço não devolvido...

(fonte da imagem)

>>>Domingo de sol, e a vontade de ver o mar o tortura. Me tortura menos, mas queria ver o mar também. Enquanto ele arrumava a mala, fiquei recostado na parede observando os detalhes, a forma como organiza as coisas. Nunca tinha prestado a atenção. Primeiro as cuecas novas separadas das mais velhas num saquinho, depois as bermudas de um lado e as camisetas enroladinhas do outro. Calças jeans, umas 5, uma sobre a outra e dois cintos.

“Vai demorar muito?", perguntei.
“Não sei, não comprei voo de volta.”
“Como não?”
“É, depois eu compro na semana que vem, talvez."
“Não gosto disso, não gosto de incertezas.", falei.
“Então vai ter que se habituar porque na vida nada é tão certo como muitos pensam. Um professor meu disse na faculdade que a racionalidade é uma forma de a gente fingir para nós mesmos que temos controle das coisas. E o tempo fragmentado, controlado, marcado cronologicamente é um exemplo dessa tentativa.”
“Então deu para filosofar agora... Você acredita mesmo nisso?”
“A história não é que acredito ou deixo de acreditar, mas quero dizer que você vai ter que se acostumar com as incertezas enquanto...”

Esperei ele completar. Cheguei a contar até 20 segundos.

"Não vai terminar a frase?”
“Ah, esquece.”

Odeio quando as pessoas não concluem o pensamento quando conversam comigo, disse para mim enquanto o observava tentando fechar o zíper da mala.

De fato, pensei muito no que ele falou sobre o tempo. Lins às vezes me surpreende, parece uma forma de me tirar do sério.

Ainda esperei ele falar no dia em que voltaria, mas me deixou nessa dúvida. Ele faz questão de me inquietar, sente-se feliz por isso, eu penso. Ultimamente, suas saídas, suas fugas, suas idas sem volta  marcada são mais constantes.

Sinto-me incompetente diante das coisas, e, depois que ele se aborreceu porque eu havia escrito sobre ele para o leitor aqui, ele fechou-se para mim. Ao contrário do que imaginei, ele abriu-se para o mundo, ganhou mais vida, virou um sonhador. Que mal há entre mim e ele, que mal há entre nós? Não consigo entender, não mesmo.

Somos diferentes, devo admitir... não queria que fôssemos. Que droga de vida! Outro dia caminhava pela Avenida e uma adolescente me grita: Lins, Lins... não fala mais comigo? Está falando comigo?, pergunta óbvia a minha. Sim, ela disse, não me reconhece mais? Não sou o Lins, e segui. As pessoas nos confundem muito não sei por quê.

“Já vou sair!”
“Eu sei, eu vi faz uma hora.”
“Não vai me dar um abraço?”
“Não! Não consigo.”
“Então eu te dou por mim e por ti assim mesmo.”

Abraços não acontecem por um lado apenas. Abraços não funcionam se não houver verdade. Se não houver aperto, um toque recíproco. É como um aperto de mão frio, sem força, sem ida e volta simultânea num encontro de sentidos. Disse isso baixinho enquanto chorava por dentro de mim mesmo. Não era por causa da saudade antecipada, era um sentimento ruim, uma angústia de não conseguir levar a vida assim como se tudo fosse hoje, o único dia de meus 30, o fim.

Senti o cheiro de perfume em minha camiseta ainda. Por um segundo, pensei em mantê-lo porque era o resto do abraço não devolvido por mim. Concluí: abraços não existem se não houver troca, se não fizer sentido - mesmo que o respingo do perfume fique um pouco em nós como um rastro em areia de praia em tempos de chuva fina. Aos poucos, os chuviscos vão apagando lentamente aquela marca de pé. E na camiseta igualmente: o vento vai levando a fragrância até se perder, até se perder, até não mais fazer sentido.

sábado, 1 de maio de 2010

Um parêntese (Prêmio Dardos)...



>>> Com 12 dias de fundação e 7 publicações apenas, ganhar um prêmio pela sua existência ao lado de grandes veteranos com tradição na blogosfera e com muitos leitores fieis- além de muitos de seus escritores serem pessoas com uma finura poética e sensibilidade incalculável – para o Mémoires de ses 30 ans significa um sopro de vida muito valioso. Não seria tão significativo se tal premiação viesse a qualquer modo ou simplesmente para constar, o que não é o caso. Diante disso, abre-se um parêntese, nesta casa dos 30, para destacar o carinho do querido Clenio Viegas (imagem do blog abaixo) externando-lhe os mais justos agradecimentos.


Então, respeitando a tradição...vamos lá...

Que é Prêmio Dardos?

O Prêmio Dardos é um reconhecimento dos valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Aqui vão as regras:
a) Exibir a imagem do selo no blog.
b) Exibir o link do blog que você recebeu a indicação.
c) Escolher 10, 15 ou 30 blogs para dar indicação, e avisá-los.

Há blogs muito bacanas nesta blogosfera, muitos, infelizmente, ainda não pude acompanhar de perto; mas, aos quais tive acesso, destaco os meus 10 escolhidos por sua Excelência:

Blog do Luis Fabiano
Mundo do Ge
Garatujas de um artista anônimo longe de casa 
Ad Litteram- Zélia Guardiano